Canjiquinha quente
(Roberto Martins, 1937)
Canjiquinha bem quente
Amendoim torradinho
Canjiquinha bem quente
Ioiô me deu Iaiá
Canjiquinha quente eu fui fazer
e Ioiô eu deixei lá
(est.)
Foi Ioiô que um belo dia
me roubou o coração
E ficou lá na Bahia (bis)
sem saber que era ladrão
Vá dizer lá na Bahia
Vá dizer minha Iaiá
que eu só penso noite e dia
(bis)
em Ioiô que eu deixei lá
Vou-me embora, vou-me embora
p'rá Bahia outra vez
Vou vender a canjiquinha (bis)
Só volto no fim do mês
Canjiquinha bem quente
Amendoim torradinho
Também Sinhô compôs
uma música tematizando a magia relacionada à canjiquinha,
como se pode ver na letra abaixo:
Canjiquinha
Quente
(Sinhô)
Ioiô
vai provar
Um pinguinho
só
Certo vai
gostar
Desse meu
ebó
É um
pratinho
Bem suculento
Que faz babar
Canjiquinha
quente, Ioiô
(Tá
quentinha)
E temperada
Com a simpatia
Que foi Jesus
Que ensinou
Santa Bahia
(Prova Ioiô
Uh... tá gostoso)
Ioiô
vai provar
Um pinguinho
só
Certo vai
gostar
Desse meu
ebó
Ai deixa louco
Só
de vontade
De acabar
Canjiquinha
quente, Ioiô
(Ai, tá
quentinha)
Depois de provar
Ioiô
vai dizer:
Viva Jesus
Que ensinou
Santa Bahia
(Quer vatapá?
He, he
Também
tem)
A preta
do acarajé
(Dorival Caymmi)
DC - Dez horas
da noite, na rua deserta a preta mercando parece um lamento
CM - Iê
abará
DC - Na sua
gamela tem molho cheiroso pimenta da Costa, tem acarajé
CM - Ô
acarajéecó
olalai ô ô . Vem benzê ê ê
DC - Todo
mundo gosta de acarajé (bis)
CM - Mas o
trabalho que dá p'rá fazê é que é (bis)
DC - Todo
mundo gosta de acarajé (bis)
Todo mundo
gosta de abará (bis)
CM - Mas ninguém
qué sabê o trabalho que dá
Ninguém
qué sabê o trabalho que dá
DC - Todo
mundo gosta de abará (bis)
Todo mundo
gosta de acarajé
CM - Iê
abará
Coro - Iê
abará
DC - Dez horas
da noite, na rua deserta quanto mais distante, mais triste o lamento
CM - O acarajé
ecó olalai ô ô
Vem benzê
ê ê, tá quentinho
Coro - Todo
mundo gosta de acarajé
É
doce morrer no mar
(Dorival Caymmi)
É doce
morrer no mar,
Nas ondas
verdes do mar.
É doce
morrer no mar,
Nas ondas
verdes do mar.
Saveiro partiu
de noite, foi
Madrugada
não voltou
O marinheiro
bonito
Sereia do
mar levou.
É doce
morrer no mar,
Nas ondas
verdes do mar.
A noite que
ele não veio foi,
Foi de tristeza
pra mim
Saveiro voltou
sozinho
Triste noite
foi pra mim
É doce
morrer no mar,
Nas ondas
verdes do mar.
Nas ondas verdes
do mar, meu bem
Ele se foi
afogar
Fez sua cama
de noivo
No colo de
Iemanjá
É doce
morrer no mar,
Nas ondas
verdes do mar.
Macumba
Gegê
Vem cheirando
a incenso, Xangô
e Oxalá
Macumba no
samba
Com muito
feitiço
É o
poje (?)
O samba castiço
cheirando
a farofa e azeite de dendê
Pedindo pros
santos pra lhe proteger
Ai! Gegê
Meu encanto
Eu só
tinha medo
Se não
tivesse bom santo
Estás
falando de mim
Eu não
ligo não
É a
mágoa que tens
no teu coração
A inveja é
um fato
que nunca
tem fim
Podes vir
de feitiço
pra riba de
mim
Babalú
Está
empezando el velorio
Que le hacemos
a Babalú
Dame diecisiete
velas
Pa pornelas
en cruz
Dame un cabo
de tabaco, mañiengue
Y un jarrrito
de aguardiente
Dame um poco
de dinero, mañiengue
Pa que me
de la surte
Yo le quero
pedir
Que me nego
me quiera
Ai, negro
Que le tenga
dinero
Y que no se
muera
Yo le quero
pedir, a Babalú
Un negrito
muy santo
Como tu
Que no tenga
otra nega
Y que no se
muera
Rei Bantu
(Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
Meu avô lá no Congo
foi rei Bantu
Mas aqui eu sou rei do Maracatu
Fiz, eu fiz meu reinado, fiz meu
trabuco
Lá nos canaviais do meu Pernambuco
Ai, ai Orixalá
Ai, ai meu
pai nagô
Ó Vem abençoar meu
reinado
Que foi feito só de paz e
de amor
Quem vem pra beira do mar
(Dorival Caymmi)
Quem vem pra beira do mar
Nunca mais quer voltar
Andei
Por andar, andei
Todo caminho deu no mar
Andei, pelo mar, andei,
Nas águas de Dona Janaína.
A onda do mar leva
A onda do traz
Quem vem pra beira da praia, meu
bem
Não volta nunca mais
Quem vem pra beira do mar
Nunca mais quer voltar
Batuque no Morro
(Russo do Pandeiro e José
de Sa Roris)
Gosto de ver batuque no morro
Gosto de ver batuque no morro, ai,
ai, ai
Pois o batuque é bom pra
cachorro
Pois o batuque é bom pra
cachorro, ai, ai, ai
Nego na macumba
faz o bombo zumba-zumba
Pra fazer o canjerê (ê
ê!)
Negra quando samba
requebrando com as cadeiras
Eu gosto de ver [4x]
Gosto de ver batuque no morro
Gosto de ver batuque no morro, ai,
ai, ai
Pois o batuque é bom pra
cachorro
Pois o batuque é bom pra
cachorro, ai, ai, ai
Negro americano
dança dança o suingue
E não sabe batucar (a-ah!)
Branco americano
vai deixar a tal da conga
e o francês do [?]
Despacho
(Ari Barroso)
Eu vou fazer um despacho
para arranjar outro amor
Quem se arrasta é capacho
Mas eu não sou, não,
senhor!
Meu coração 'stá
por baixo
E quer reflorir com ardor
Os olhos foi feito pra luz
Os lábios foi feito pro beijo
A luz vem ter aos meus olhos
Os lábios ficam no desejo,
ai, ai
Pobre de quem leva a vida
Chorando a ventura perdida
Eu vou fazer um despacho
Meu coração não
é capacho, ai, ai..
Vou torrar duas asas de andorinha
Misturar com um pouco de farinha
Três gotas de azeite bem humhum
[sic]
E você há de ver Iaiá
Ai que bom que vai ser
Como tudo hmhmhm [sic]
E dum canto qualquer desse Brasil
Onde o mar seja verde e o céu
de anil
Irei levantar nosso ranchinho
E você há de ver Iaiá
Ai que bom que vai ser
Quando lá dentro mais um
aparecer.
Feitiçaria
(Custódio Mesquita e Evaldo
Rui)
Sexta-feira à meia-noite
vou jogar na encruzilhada
um feitiço pra você.
Já comprei um galo preto,
duas velas, um amuleto,
mais um litro de dendê.
Muitas rezas rezei
E promessas paguei
e você não voltou
Muita carta escrevi,
tantas vezes pedi
e você nem me ligou
Mil recados mandei
Com as respostas chorei
você zombou
do amor que lhe dei
mas você não voltou
Descer mais eu não desço
Porque não mereço
sofrer assim
já desci muito baixo
já fui seu capacho
tem dó de mim
Vou fazer um despacho
pra você se enfeitiçar
que eu enfetiçado já
estou
com a luz azul do seu olhar
ô, ô
meu Xangô
Sofrer...
Você sofrer
Tem vintém, tem farofa, marafo
no canjerê
pra você
me querer.
Odum
(Walter Queiroz)
Ah!
Tempo virá
Para soprar as velas da paixão
Ah!
Meu Deus do céu
Meu Deus do mar
Por que vai navegar
Meu louco amor
(Senhor) Meu capitão
Navegador (o filho) de Xangô
Eu perguntei por que você
se vai
Ele me respondeu e disse
Meu odum, meu odum, meu odum
Pobre de mim
Na terra assim
Sem nunca navegar
Quando ele partir
Vai me deixar
Oh!! Mãe Iemanjá
Abri teu mar
E cuida dos caminhos do meu amor
Valente mas sozinho
Se ele voltar
Oh! Mãe Iemanjá
Eu tenho uma boneca
Para te orfertar
Com a (rosa) prometida para te agradar
Com as fitas da alegria para te
encantar
Com as cores da Bahia
Para te comover
297
Odê odá
Odê odá
Odê de Obayá (bis)
Ossain
(Antônio Carlos & Jocafi,
Tavares)
Agué, agué
Ialaduiê, evidalá é
É de Luanda
Eue-o
Ossain, eue-o
Bamboxê
Me aguemirô
Aiê-aê
Promessa ao Gantois
(Mateus & Dadinho)
Eu fui ao Gantois
Pagar promessa só
Levei de ouro maior
Um adê pra Yêiê-ô
Monaneuá
minha prece é verdadeira
Desce, vem me abençoar
Oh, meu Deus, como é lindo!
O céu se abre
Mãe Oxum vem surgindo
Oxóssi rei
(Antonio Carlos e Jocafi)
Salve Oxóssi Okê
Salve Oxóssi o caçador
Salve Oxóssi Okê
Salve Oxóssi o caçador
Salve todos os deuses negros
Salve a faceira Oxum
Salve o som dos atabaques
Salve o Deus guerreiro Ogum
Salve Olga de Alaketo
Princesa dos Orixás
Salve Didi Assobá
Salve a roda que se faz
Salve Ondina e Mãe Senhora
Do Axé Opô Afonjá
Salve o Mercado Modelo
Que Camafeu é de lá
Catendê (louvação
à Ossain)
(Jocafi, Ildazio Tavares & Onias
Camardelli)
Meu Catendê dilá digina
Luandê, meu Catendê
Varre a voz o vendaval
Perdido no céu de espanto
E o barco fere a distância
No disparo da inconstância
Me encontrei sem esperar
Quanto mais o tempo avança
Mais me perco neste mar
E no rumo do segredo
Caminhei todo o caminho
Hei lá, hei lá
Maré brava, maré mansa
Hei lá, hei lá, hei
lá
Vou na trilha da esperança
Hei lá, hei lá
Vou no passo da alvorada
Hei lá, hei lá, hei
lá
Mar, amor e namorada
De segredo e de procura
Fiz do medo meu amigo
E de força sempre pura
O meu canto se encontrou
Hei lá, hei lá
E no fim da jornada
Hei lá, hei lá
Vi meu canto crescer
Há tanto escuro na estrada
Esperando o sol nascer
Hei lá, hei lá
Vou cantar pela vida
Hei lá, hei lá
O meu canto de amor
Há tanta dor escondida
Tanto canto sem cantor
Extra
(Gilberto Gil:)
Baixa
Santo Salvador
Seja como for
Acha
Nossa direção
Flecha
Nosso coração
Puxa
Pelo nosso amor
Racha
Os muros da prisão
Extra
Resta uma ilusão
Extra
Resta uma ilusão
Extra
Abra-se cadabra-se a prisão
Baixa
Cristo ou Oxalá
Baixa
Santo ou Orixá
Rocha
Chuva, laser, gás
Bicho
Planta, tanto faz
Brecha
Faça-se abrir
Deixa
Nossa dor fugir
Extra
Entra por favor
Extra
Entra por favor
Extra
Abra-se cadabra-se o temor
Eu, tu e todos no mundo
No fundo, tememos por nosso futuro
ET e todos os santos, valei-nos
Livrai-nos desse tempo escuro
Oração ao Tempo
(Caetano Veloso:)
És um senhor tão bonito
Com a cara do meu filho,
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo...
Compositor de destinos
Tambor de todos os ritmos
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Entro num acordo contigo,
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
És um dos Deuses mais lindos,
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Que sejas ainda mais vivo,
No som do meu estribilho
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Ouve bem o que te digo,
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Quando o Tempo for propício
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
De modo que o meu espírito
ganhe um brilho definitivo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
O que usaremos pra isso
Fica guardado em sigilo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Apenas contigo e migo
Tempo, Tempo, Tempo, Tempo
Babá Alapalá
(Gilberto Gil:)
Aganju
Xangô
Alapalá, Alapalá
Alapalá
Xangô
Aganju
O filho perguntou pro pai
Onde é que tá o meu
avô
O meu bisavô onde é
que tá
Avô perguntou bisavô
Onde é que tá meu
tataravô
Tataravô onde é que
tá
Tataravô
Bisavô
Avô
Pai Xangô, Aganju
Viva
Egum
Babá
Alapalá
Aganju
Xangô
Alapalá, Alapalá
Xangô
Aganju
Alapalá egum
Espírito elevado ao céu
Machado alado
Asas de anjo Aganju
Alapalá egum
Espírito elevado ao céu
Machado astral
Ancestral do metal
Do ferro natural
Do corpo embalsamado
Preservado em bálsamo sagrado
Corpo eterno e nobre
De um rei nagô
Xangô
Ê menina
(João Donato, Gutemberg Guarabira)
Ô Ô Ô Ô
Ô Ô Ô Ô
Oxum ora iê iê
Ê menina, ê menina
Ê ê Oxum da Mina
Ê menina, ê menina
Ora iê iê Oxum da Mina
Menina, menina, menina, menina
Oxum da Mina
Ê menina, ê menina ora
iê iê
Oxum da Mina
Dia, dia, dia
Ê meninê
Vem menina
Dia, dia, dia
Menina
É meninê menina
É meninê menina
É meninê menina
Oh ê o mamãe Oxum
Marinheiro só
(Domínio Popular)
Eu não sou daqui
Marinheiro
só
Eu não tenho amor
Marinheiro só
Eu sou da Bahia
Marinheiro só
De São Salvador
Marinheiro só
Lá vem, lá vem
Marinheiro só
Como ele vem faceiro
Marinheiro só
Todo de branco
Marinheiro só
Com seu bonezinho
Marinheiro só
Ô, marinheiro, marinheiro
Marinheiro só
Ô, quem te ensinou a nadar
Marinheiro só
Ou foi o tombo do navio
Marinheiro só
Ou foi o balanço do mar
Marinheiro só.
Iá Omim Bum
(Domínio popular)
Iá omi bum
Omirô
D' orixá ô lelê
Odara
(Caetano Veloso)
Deixa eu dançar
Pro meu corpo ficar odara
Minha cara
Minha cuca ficar odara
Deixe eu cantar
Que é pro mundo ficar odara
Pra ficar tudo jóia rara
Qualquer coisa que se sonhara
Canto e danço, que dará.
Oração a Mãe
Menininha
(Dorival Caymmi)
Ai, minha mãe
Minha mãe Menininha
Ai, minha mãe
Menininha
do Gantois
A estrela mais linda, hein?
Tá no Gantois
E o sol mais brilhante, hein?
Tá no Gantois
A beleza do mundo, hein?
Tá no Gantois
E a mão da doçura,
hein?
Tá no Gantois
O consolo da gente, ai!.
Tá no Gantois
E a Oxum
mais bonita, hein?
Tá no Gantois
Olorum
quem mandou
Essa filha de Oxum
Tomar conta da gente
E de tudo cuidar
Olorum quem mandou ê ô
Ora iê
iê ô... Ora iê iê ô...
É d'Oxum
(Gerônimo e Vavá Calazans)
Nessa cidade todo mundo é
d'Oxum
Homem, menino, menina e mulher
Toda a cidade irradia magia
Presente na água doce
Presente na água salgada
E toda cidade brilha
Seja tenente ou filho de pescador
Ou importante desembargador
Se der presente é tudo uma
coisa só
A força que mora n'água
Não faz distinção
de cor
E toda cidade é d' Oxum
É d' Oxum
É d' Oxum
Eu vou navegar
Eu vou navegar nas ondas do mar
Eu vou navegar nas ondas do mar
Iá aguibá Oxum aurá
olu adupé
Filhos de Gandhi
(Gilberto Gil)
Omolu, Ogum,
Oxum, Oxumaré
Todo o pessoal
Manda descer
pra ver
Filhos de
Gandhi
Iansã,
Iemanjá, chama Xangô
Oxossi, também
Manda descer
pra ver
Filhos de
Gandhi
Mercador,
Cavaleiro de Bagdá
Oh, Filhos
de Obá
Manda descer
pra ver
Filhos de
Gandhi
Senhor do
Bonfim, faz um favor pra mim
Chama o pessoal
Manda descer
pra ver
Filhos de Gandhi
Oh, meu Deus
do céu, na terra é
carnaval
Chama o pessoal
Manda descer pra ver
Filhos de Gandhi.
Ijexá (Filhos de Gandhi)
(Edil Pacheco)
Filhos de Gandhi,
Badauê
Ylê
Aiyê, Malê Debalê, Otum Obá
Tem um mistério
Que bate no
coração
Força
de uma canção
Que tem o
dom de encantar
Seu brilho
parece
Um sol derramado
Um céu
prateado
Um mar de
estrelas
Revela a leveza
De um povo
sofrido
De rara beleza
Que vive cantando
Profunda grandeza
A sua riqueza
Vem lá
do passado
De lá
do congado
Eu tenho certeza
Filhas de Gandhi
Ê povo
grande
Ojuladê,
Katendê, Babá Obá
Netos de Gandhi
Povo de Zambi
Traz pra você
Um novo som:
Ijexá